imaginarium

blog para festas e devaneios... pela insana jornalista e fotógrafa de plantão Gabriela Di Bella.

sábado, agosto 04, 2007

Jogando ovos (a educação) pela janela

Outro dia, passando pela Lima e Silva, vi um carro, mais que isso, um Mercedes prateado. Bem bonito. Entretanto, o que me chamou a atenção foi como ele estava mal estacionado! Com as duas rodas laterais em cima da calçada. Até eu estacionava melhor! Mas o que me veio diretamente à cabeça foi novamente a idéia de como o mundo capitalista é engraçado. Em teoria, o dono daquele carrão deveria saber dirigir muito bem. Na teria a prática é outra, claro. O mais estranho é perceber como temos esta falsa idéia de que dinheiro e boa educação andam juntos. Prova disso é o vídeo que está rolando na internet dos riquinhos cariocas jogando ovinhos pela janela.

O desenvolvimento, e deixo claro aqui nada contra ele, permitiu que determinadas pessoas acumulassem tal volume de riqueza que não há nada que as impeça de fazer o que querem a não ser o bom senso. Brizola foi um cara conhecido pelas suas idéias, pelo modo de falar, mas, mais que tudo pela sua luta e bravura política. Mesmo os que não concordavam com ele tinham que respeitá-lo. Hoje, seu neto certamente se tornará muito conhecido... como aquele cara que colocou o vídeo no youtube mostrando a elite carioca jogando ovos pela janela. É a denúncia em tempos de internet. Será que a pós-modernidade só nos permitirá este tipo de ação?

Aparecem no vídeo diversos bambambans da elite nacional que adoram aparecer na Tv. Não imagino agora eles incomodados ou sem dormir por culpa do vídeo. Muito menos repensando suas atitudes e raciocinando que isto pode ser extremamente perigoso para o pobre transeunte. Aquele cara que acordou às cinco da manhã pra pegar o ônibus e viajar duas horas para ir limpar o banheiro dos ricos de Ipanema. E ganhar quase nada por isso. Mas no fim do mês, quem sabe, ganhe um ovo na cabeça. É o pagamento extra, por fora (PF) para os empregados!

Muitos destes riquinhos devem viver de renda e talvez isso os desculpe. Porque afinal pra isso não é preciso estudar mesmo. Ou quem sabe o excesso de riqueza decrete o fim do bom senso. Se já decretaram a morte do cinema, porque não a morte do bom senso? Estamos em busca de um pensador (intelectual) famoso que queira fazê-lo. Vide estudos sobre fenômenos de mídia como Paris Hilton e os ataques de euforia de Britney Spears. Pelo visto ter dinheiro autoriza a estacionar em cima da calçada, a jogar ovos e outros objetos pela janela, a dirigir bêbado, etc... etc... etc... E aposto cem dólares como os protagonistas do vídeo vão aparecer por ai no resto da semana dizendo que era tudo uma grande brincadeira... imagina! Nós jamais faríamos isso! E ainda vão ganhar dinheiro em cima e a audiência vai subir quando o povo parar pra ver as explicações.

quinta-feira, julho 12, 2007

Quero ser tripulante...

"Se eu te disser que não te quero tanto
Só o suficiente para te aguentar"
Levitan e os Tripulantes


Vitor Ramil tem razão. A estética do frio provoca distância entre as pessoas. A temperatura ontem à noite em Porto Alegre beirava os zero graus. Sair de casa!? Só sendo louco ou músico... ou os dois. E ai? Vai ficar esperando o frio passar? Pois nem pensar. Direto pra rua. Adoro sair quando faz frio, mas muito friooo. Entretanto, ontem, o motivo era especial. Ver os músicos de Levitan e os Tripulantes que levaram a galera para uma viagem musical, rápida, mas boa o bastante para deixar aquele gosto de quero mais.

As ruas eram vazias e lá perto do Abbey Road, onde foi o show, raras almas se arriscavam a andar pela rua, mesmo de carro. Mas música boa merece qualquer sacrifício.E assim foi, a reunião de amigos e familiares já funcionou para encher o lugar e negar a estética do frio. Em pouco tempo estávamos aquecidos e bem próximos. Todos curtindo as letras inteligentes e os arranjos divertidos do grupo. Para mim a diversão maior ficou por conta do arranjo mais radical para o clássico “Ana Crisina eu não gosto de você, to amando loucamente a tua mãe”, escrito por Levitan e elevado a clássico pelos Tangos e Tragédias e que ainda não tinha ouvido.. hehehehe...

Brawl baixista que também toca nos Subtropicais, Karina na bateria, que capricha na percussão do Apanhador Só e o Alexandre também do Apanhador seguem o descomando de Levitan (como ele mesmo diz). O que faz com que Levitan junte elementos de outras bandas igualmente ótimas e que merecem mais espaço e atenção.

Então, depois do show, só para provocar mais o frio ainda corremos todos para uma clássica sopa no Van Gogh (ou gróg)... e assim passou mais uma noite com música interessante para poucos. Aliás como é comum... quem quiser conhecer mais pode acessar: http://www.myspace.com/levitaneostripulantes

sábado, julho 07, 2007

"Open Your Eyes", musiquinha de Snow Patrol...

All this feels strange and untrue
And I won't waste a minute without you
My bones ache, my skin feels cold
And I'm getting so tired and so old

The anger swells in my guts
And I won't feel these slices and cuts
I want so much to open your eyes
'Cause I need you to look into mine

Tell me that you'll open your eyes

Get up, get out, get away from these liars
'Cause they don't get your soul or your fire
Take my hand, knot your fingers through mine
And we'll walk from this dark room for the last time

Every minute from this minute now

We can do what we like anywhere
I want so much to open your eyes
'Cause I need you to look into mine

Tell me that you'll open your eyes

All this feels strange and untrue
And I won't waste a minute without you

sexta-feira, junho 29, 2007

Mera coincidência!

Como é engraçada a via, né? Justo neste momento tão conturbado da atual política nacional lendo um livro do maravilhoso jornalista Gay Talese topei com este trecho hummm, digamos assim, bastante interessante. Ao narrar à história do famoso contraventor de Nova York, Frank Costello, Talese lá pelas tantas diz assim:

“Terminada a época da Lei Seca, os diversos ramos de negócios de Costello incluíam máquinas caça-níqueis, jogos de azar e comércio ilegal de uísque escocês. Quando o prefeito Fiorello La Guardia mandou recolher as máquinas e atirá-las no mar, Costello as transferiu para Nova Orleans com a ajuda do senador Huey Long, que em 1936 afirmou desejar arrecadar dinheiro para os órfãos, as viúvas e os cegos de Louisiana.”

Isso foi lá pelos idos de 1920! Pura coincidência...hehehehe...

Senador envolvido com máfia de caça-níqueis! Isso eu nunca vi! hehehehe... E ainda querendo usar o jogo de azar como mote para arrecadar dinheiro para os pobres e necessitados! Que cara bonzinho! (eu mereço)

Tempos depois o “personagem” de Talese vai a julgamento e desafia os senadores indo embora no meio de seu depoimento. E assim narra Talese:

“Mas mesmo na cadeia Costello confundia a justiça. Continuava a fumar English Ovals, embora ninguém soubesse como os conseguia. Ele comia filés – bem tostado por fora, vermelho-claro por dentro, exatamente como os pedia no restaurante “21” – e era impossível descobrir de onde vinham esses filés.”

O gangster ficou preso algum tempo, mas pelo visto nem sentiu. Saiu da cadeia logo e passou a vida achando que não fez nada de errado. E morreu assim, achando que tinha não tinha feito nada de errado.

Nossos políticos também pensam assim. Que nunca fazem nada de errado. Nem quando se dão aumentos exorbitantes quando o Estado não paga seus servidores por falta de dinheiro, nem quando “pedem” 300 mil reais emprestados, nem quando colocam em um contrato oficial que irão pagar PF (Por Fora) a pensão alimentícia que vai muito além de seus ganhos declarados para a ex-amante.

E assim será, eles têm sempre a convicção de que estão fazendo algo correto. Essa é a lógica que mantém Renan ainda no poder. Até porque eles sabem que mesmo que a lei os condene, eles irão continuar comendo filés na cadeia... igual ao que pediam lá no “21”.

sexta-feira, junho 22, 2007

Volta pro corpo, Flor!

Ontem o almoço foi no Ocidente. Acompanhada de uma amiga (parceira deste tipo de programa) fui lá para curtir uma comidinha boa, vegetariana, sabores orientais diferentes para fazer o dia mais variado. Ela em meio a uma mudança de vida porque está se separando de um namorado de muitoooo tempo... eu ainda na minha busca por um trabalho depois de um pequeno trauma que aqui não vale descrever.

Enfim, conversa vai, conversa vem sobre as decepções e dificuldades da vida, sobre relacionamentos... e ela me saiu com essa: - Eu tô até achando a cerimônia católica emocionante...

No mesmo minuto, olhei pra ela e falei: - Volta pro corpo, Flor! Calma... agora já...

É complicado compreender de que maneira nos deixamos dobrar. Mas que é complicado remar contra a maré é. Sempre foi. E nos momentos difíceis, parece - preste atençao -só parece, que seria mais fácil ter seguido o estabelishment e aquela receita clássica, do me formei, casei, montei família. Entretanto, nos esquecemos que sempre há um preço a pagar. Cada escolha uma renúncia, já virou jargão até.

Esta minha amiga, como eu, nunca quis isso. Nunca quis seguir cartilha e não escolheu um caminho que seria considerado "comum". E por isso, às vezes, não nos damos conta que estamos escolhendo um caminho pior ainda: aquele que vai contra ós mesmos. Que vai na contramão. Volta pro copro, Flor! não se deixa levar pelas decepções, faz parte, só isso.

Meu caro, ir pela maré dá aquele alívio, é fácil sentir-se parte do todo. Se todos vão prá lá, então é porque é pra ir, não é? Não necessariamente. Nadar contra a maré pode mesmo é te deixar mais forte. Então, quando der vontade de sair correndo, volte pro corpo!

E seguimos adiante, porque o mais importante mesmo é respirar.

Curso de Tango!

Especial! Participação do Professor craque Riquelme!

Novos passos: três pra lá, dois pra cá!


hehehe... que me desulpem os torcedores do co-irmão, mas a flauta vale para os dois lados! Sempre!

domingo, junho 17, 2007

José Roberto Alencar sobre ser jornalista

"O porquê é obvio: para mudar o mundo. Busco o furo para atrair o leitor, apuro com rigor para merecer sua confiança e escrevo caprichado para ver se o vicio em textos. Quanto mais viciados houver em livros, revistas, jornais, manuais de aparelhos e bulas de remédio, menos gente vai se intoxicar, levar choque e votar em safado. Aumentarão a felicidade e o valor da vida, pois o homem que lê vale mais – como comprova a tabela da pistolagem."

Genial, de um jornalista que conheço pouco, mas já admiro.

quinta-feira, junho 14, 2007

Fernando Pessoa mestre

Navegando por parte da literatura me deparo com algo que lembra infância. Prova que este tipo de brincadeira é uma tanto antiga.

POEMA PIAL

Toda gente que tem mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.

Pia número UM,
Para quem mexe as orelhas em jejum.

Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes e bois.

Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.

Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.

Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.

Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis.

Pia número SETE
Para quem canta até que o telhado se derrete.

Pia número OITO
Para quem parte nozes quando é afoito.

Pia número NOVE,
Paa quem se parece com uma couve.

Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.

E, como as mãos já estão frias,
Tampa nas pias!

Fernando Pessoa

Quem diria hein?? Aluguém ai lembrou de: Um, dois, Feijão com arroz! Três, quatro feijão no prato?
Entretanto, esse poema, escondido nas últimas páginas de uma antologia de Fernando Pessoa, foi certamente uma brincadeira do grande poeta.
Engraçadito esse portugueis, ora pois...hehe...